segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Palestra sobre Educação Financeira Corporativa

 Antonio Baptista

É triste perceber que grande maioria dos empreendedores não conseguem se prosperar nos negócios mas, mais triste ainda é a possibilidade de que o fracasso se deve á autosabotagem e que a morte de empresas em Cabo Verde acontece frequentemente por “suicídio”. Situação que pode ser evitada através da educação financeira corporativa que lhes ajuda a tomar “melhores” decisões com o dinheiro.

Embora se reconheça a importância da promoção do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo Verde, as estratégias tem-se centrado nos aspectos formais relacionados com abertura de empresas, capacitação técnica, plano de negócios, crédito etc, negligenciando questões mais importantes que se relacionam com os aspectos informais, tais como a cultura, valores, traços da personalidade dos empreendedores, racionalidade económica-financeira, responsabilidade fiscal e social dos empresários que condicionam o sucesso de qualquer empreendimento e limita de forma significativa o desenvolvimento económico do país.

Na quinta feira dia 20, a PROFIN foi convidada para ministrar uma palestra para mulheres vendedeiras em Ponta Belém na cidade da Praia, no âmbito da formação Get Ahead - "Um Passo Em Frente: Mulheres e Empreendedorismo" ministrada pela professora Silvia Spencer da UNICV/ENG, através de uma parceria entre o Centro de Emprego e Formação Profissional de Praia (CEFPP), Camara Municipal da Praia e o Programa Jov@emprego.

Nesta ocasião tivemos oportunidade para abordar vários aspectos da educação financeira corporativa mas hoje vamos destacar apenas dois dos temas (prometendo brevemente abordar os demais tópicos).

Os problemas na gestão do fluxo de caixa e o descontrolo financeiro são os principais determinantes do fechamento de empresas. Os problemas financeiros além de serem críticos por si mesmos, condicionam praticamente todo o funcionamento da empresa.

No caso especifico das empresas familiares, empresas informais, microempresas e até algumas pequenas empresas geridas pelo dono, a falta de definição do pro-labore e misturar contas pessoais com as do negócio são, sem dúvida, as principais causas de falência.

O pro-labore significa “pelo trabalho” em latim. É a remuneração (salario) do dono da empresa.

Também, confundir o “caixa da empresa” com o “bolso do dono” é um pecado mortal. Além de não permitir pleno conhecimento da situação financeira da empresa, trás sérias limitações na gestão do fluxo de caixa e na avaliação dos negócios. As retiradas de dinheiro feitas pelo dono não podem ser aleatórias, sob pena de trazer grande descontrolo na gestão financeira da empresa tanto no longo prazo como no curto prazo, com dificuldades em relação ao fundo de maneio.

Na nossa opinião o conselho mais relevante para estas microempreendedoras é a de separar as contas pessoais das contas do negocios e de estabelecer um “salario” para elas.


domingo, 23 de agosto de 2020

Conversa aberta na CERMI - Educação Financeira

 

Na Sexta feira passada, dia 14, a PROFIN foi convidada para participar na conversa aberta com os funcionários da CERMI (Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial). O tema da conversa foi Educação Financeira e abordou-se a importância de tomarmos mais cuidado com os nossos gastos. Muitas vezes os funcionários por terem um salario todo final do mês esquecem de aproveitar os seus “talentos” ou dos outros, para aumentarem as chances de ganhar mais dinheiro e aumentar o rendimento familiar. Temos de aproveitar as oportunidades que estão ao nosso alcance para aumentar o rendimento. A prosperidade financeira é mais influenciada pela forma como gastamos nosso dinheiro do que pelo tanto que ganhamos. Ter dinheiro sem ter inteligência financeira na forma como usar este dinheiro pode ter efeitos limitados na nossa prosperidade futura. Temos de aprender a gastar o nosso dinheiro com sabedoria. Entretanto, saber fazer escolhas não é facil e requer muita determinação e comprometimento com os nossos sonhos e objetivos. Saber diferenciar desejos de necessidades, ter capacidade de resistir ás “tentações“ de consumo e poupar algum dinheiro requer Educação Financeira. Outra competência importante abordada na conversa aberta foi saber diferenciar um ATIVO patrimonial de um PASSIVO patrimonial. Todo gasto que fazemos pode ser classificado como um ativo se coloca dinheiro no nosso bolso enquanto um passivo tira dinheiro do nosso bolso e, portanto, nos deixa mais pobre. Todo dia decidimos se seremos ricos ou pobres em função das nossas escolhas onde colocar nosso dinheiro. Quem acumula ativos, terá o “dinheiro a trabalhar para ele” enquanto quem tem passivo, terá que “trabalhar para ter dinheiro” e manter o passivo. Considerando a atual conjuntura de crise sanitária, outra competência imprescindível é sermos mais solidários e doar parte do nosso tempo, dinheiro e talento para ajudar a reconstruir a nossa sociedade fragilizada pelo Covid. A PROFIN agradece o convite e parabeniza a CERMI por esta agradável iniciativa.


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Oito dicas para educar com a semanada (8/8)

Antonio Baptista

A educação financeira visa moldar comportamentos, hábitos e posturas em relação ao dinheiro. É uma competência imprescindível para o sucesso na vida adulta. Tão importante como investir na sua capacidade de ganhar dinheiro é a necessidade de melhorar a sua capacidade para gerir os seus recursos e especialmente, aprender a gastar de forma racional e informada.

Geralmente a educação financeira é entendida como um conjunto amplo de orientações e esclarecimentos sobre posturas e atitudes adequadas no planeamento e uso dos recursos financeiros pessoais. Ela precisa ser desenvolvida e treinada desde pequeno e por este motivo a semanada é uma ferramenta importante para ajudar as crianças a lidarem com o dinheiro.

As crianças aprendem geralmente através de exemplos e os pais serão sempre as suas melhores referências. Considerando que o nivel de educação financeira no país é baixa e com poucas oportunidades formais e informais para se aprender a lidar com o dinheiro, fica evidente o grande desafio que é a educação financeira dos filhos no país, ainda mais, se muitos de nós nem sabemos que não temos boa educação financeira e, portanto, não temos uma postura exemplar em lidar com o dinheiro por forma a que os nossos filhos possam copiar/imitar. Portanto, a nossa dica é:

Dica 8 : Melhore sua educação financeira e seja um exemplo para o seu filho. Os pais são os exemplos e o modelo que a criança vai seguir, por isso, seja coerente! Explique à criança que o dinheiro é fruto do esforço do trabalho dos pais. Fale sobre o seu trabalho e de quanto ganha por hora (se não souber, faça a conta). Envolva a criança nas decisões financeiras sempre que for possivel. Aproveite estes momentos para mostrar para as crianças que educação financeira é escolha. Que a familia tem de consentir com sacrificios hoje para poder alcançar algo melhor no futuro (o dinheiro não é infinito, é escasso, requer muito sacrificio para se conseguir e as escolhas que fazemos determina a nossa futura situação financeira).

Temos a responsabilidade de investir na formação de nossos filhos para que estejam mais capacitados para tirar proveito das oportunidades que surgem nas suas vidas e ter independência financeira. Investir na educação financeira dos filhos, sem dúvida, é um dos maiores investimentos que os pais podem fazer para aumentar as chances de sucesso e resiliência na vida dos filhos.


sábado, 18 de julho de 2020

Oito dicas para educar com a semanada (7/8)


Antonio Baptista
A semanada permite desenvolver nas crianças a mentalidade saudável em relação ao dinheiro quando for corretamente implementada. Éla refere a um montante de dinheiro que as crianças recebem por semana para satisfazer “desejos”. Saber controlar os seus desejos será uma competência importante para ter sucesso na vida. A capacidade da criança controlar seus impulsos para satisfazer desejos é desenvolvida desde cedo entretanto, qualquer mudança comportamental requer muita dedicação e comprometimento dos pais. Em relação á educação financeira não é diferente. Requer que os pais sejam persistentes e comprometidos em desenvolver o comportamento saudável e responsável com o dinheiro nas crianças.

Desde cedo a criança deve ser incentivada a perceber que o dinheiro é uma ferramenta que serve para realizar os sonhos, dentro da realidade de cada pessoa.
Ela precisa ter contato com o dinheiro, fazer escolhas com autonomia, errar, assumir responsabilidade e aprender. Para tanto não é de muita utilidade fazer poupança para os filhos apenas nos bancos comerciais pois, do que adianta para o aprendizado ter um dinheiro que a criança não consegue manusear e gastar? Pois, a criança precisa aprender a gerir/gastar e, quanto mais cedo, melhor. Esse é um dos maiores desafios na educação financeira. A nossa sociedade ja esta formatada para nos ensinar a ganhar dinheiro mas para gastar, além de não termos consciência de que muitos de nós não sabe gastar/gerir, existem poucas oportunidades para se aprender a fazer escolhas e gastar com sabedoria. É preferível que a criança cometa os erros nas suas decisões financeiras enquanto criança do que na fase adulta.

Dica 7: Estabeleça diferentes horizontes temporais para a poupança. Curto, médio e longo prazo. Para o aprendizado é importante permitir que a criança manuseie o dinheiro. O cofrinho, que é um instrumento ideial para ensinar a poupar, deve ser acessível para servir como caixa e poupança de curto prazo (ex: periodo de uma ou duas semanas). Para objetivos de médio prazo (ex: 1 a 2 meses) a criança deve adotar um cofrinho separado. Para objetivos de longo prazo, perceptível apenas para os adultos, pode-se recorrer a poupança automática, que é depositada em uma conta a prazo nos bancos comerciais. Lembre que este dinheiro não vai servir para a educação financeira e comportamental porque a criança so terá acesso a ele depois de alguns anos. As crianças são naturalmente ansiosas. A poupança de longo prazo, nos bancos, para o seu futuro...não faz muito sentido. Elas precisam manusear o dinheiro, fazer o balanço no cofrinho etc.

Além de poupar é necessário que aprenda a gastar. No inicio ela vai cometer erros mas...será um aprendizado importante para a vida adulta. Esse aprendizado só acontece se os pais seguirem as regras da semanada que temos discutido nos posts anteriores (regularidade, valor fixo, autonomia das crianças, previsibilidade etc).

terça-feira, 14 de julho de 2020

Oito dicas para educar com a semanada (6/8)


Antonio Baptista
Em muitos países não existem oportunidades formais para se aprender a lidar com o dinheiro. A responsabilidade de ensinar educação financeira recai sob a família (que por vezes nem têm ideia por onde começar e como implementar a educação dos filhos). A semanada é o principal instrumento para se ensinar as crianças a tomarem decisões informadas com o dinheiro e aumentar as chances de sucesso na vida adulta porém, existem regras a serem seguidas para que possa surtir efeito. O assunto “Educação Financeira” ainda é desconhecido entre nós e carece de muito material de apoio e consensos sobre o que deve ser ensinado e como ensinar entretanto, algumas regras práticas devem ser consideradas para termos sucesso.  A regularidade, o montante fixo, a autonomia das crinças nas decisões de gastos e o uso (para satisfazer desejos) foram algumas das dicas sobre a semanada que tinhamos abordado nos posts anteriores.

A semanada deve fazer parte de um projeto mais amplo que é desenvolver a educação financeira nas crianças. Ela não pode estar isolada do contexto global em que a criança deva ter noção de que além de poupar, deve-se saber ganhar, gerir, gastar e doar. Neste contexto a dica é:

Dica 6 - Torne o hábito da poupança em um “jogo familiar”; estabeleça metas de consumo de energia, água, comida etc., e comprometa toda a família nestes projetos/jogos. É importantíssimo que a familia comemora as conquistas de redução de gastos alcançados. Para tanto, deve-se estabelecer metas (que serão divulgadas, medidas e que são alcançaveis no curto, médio e longo prazos) e atribuir tarrefas e atividades para todos os membros da família. A família deve-se reunir regularmente para analisar/avaliar os resultados alcançados e corrigir estratégias, se necessário.

Sempre que possível a criança deve ser envolvida nas decisões financeiras. Ela deve ser estimulada a participar na elaboração do orçamento familiar, ajudar nas compras, fazer lista de supermercado e colaborar na redução do desperdicio de comida, electricidade, agua, material escolar etc etc. Por exemplo, a família pode estabelecer como objectivo: reduzir a conta da electricidade, agua, internet etc e o valor poupado pode ser usado para (uma parte para as crianças, como incentivo) fazer algo divertido (ex: convivio familiar). Estes “jogos” familiares podem ser muito atraentes para as crianças e é uma forma de participarem na redução do desperdicio, construção da poupança da familia e ainda por cima, podem aumentar o seu beneficio financeiro. Tornando estas atividades um hábito/jogo familiar, pode-se ter uma excelente oportunidade para as crianças ganharem competências em todas as dimensões da educação financeira (ganhar – ela vai entender que o trabalho é que garante o dinheiro da familia; gerir – vai aprender a fazer escolhas e reduzir desperdicios; poupar – vai aprender que através da poupança pode-se realizar sonhos e ter beneficios; investir - vai aprender a diferenciar o que é necessário e o que é desejo e, fazer escolhas inteligentes. Também pode aprender a doar parte do que tem, sentir que faz parte de um “time” e que só tem ganho, se todos ganharem e, que todos tem papel importante a desempenhar etc.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Oito dicas para educar com a semanada (5/8)

Antonio Baptista
A semanada é um ato de amor! Ela têm regras e exige paciência. A Educação Financeira é um compromisso de longo prazo com as crianças e deve ser incentivada desde cedo. A implementação da semanada é um instrumento importante para ensinar a criança a evitar o desperdício de dinheiro, tempo, comida, material escolar, água, talento etc. É a melhor estratégia para a educação financeira da criança e ajuda a desenvolver competências para que ela possa aproveitar as oportunidades que vão surgir e aumentar as suas chances de sucesso na vida. Uma competência importante para o sucesso é ter paciência e esperar o tempo que as coisas precisam para se realizar.
Pode-se utilizar a semanada como forma de ensinar as crianças a ter paciência e esperar o tempo necessário para realizar sonhos. É muito importante que as crianças tenham tempo para “imaginar” a realização do sonho, fazer planos, visualizar o futuro etc. Provavelmente as suas realizações serão mais gratificantes. Uma criança que consegue realizar sonhos com base no seu esforço de poupança, com certeza, vai valorizar muito mais as suas conquistas e realizações.
Neste contexto, como proceder com a semanada por forma a incentivar a paciência nas crianças??
Além de realizar os desejos de curto prazo, o valor da semanada/mesada deve permitir que a criança conserve parte do dinheiro para objetivos de medio e longo prazo (ex: longo prazo sera o tempo necessário para a criança comprar algo que seja 10 vezes o valor da semanada). Se a criança pretender comprar algo mais caro, ela deve entender que é necessário economizar parte da semanada e esperar pacientemente para ter dinheiro suficiente para atingir suas metas.
Nestes casos ,deve-se incentivar a criança a estabelecer objetivos de médio e de longo prazo a serem alcançados mediante poupança. Então a nossa dica de hoje é:

Dica 5 - Paciência – A criança deve aprender a esperar para a realização de um desejo. Estimule a poupança para objetivos de curto, médio e longo prazo. É importante “premiar” a criança em função dos esforços de poupança e metas alcançadas pois, todo sacrificio deve ser seguido de algum beneficio e as crianças não conseguem esperar tanto tempo para verem os resultados da poupança.  Ex: se a criança conseguir poupar 2/3 do valor, pode-se dar um prémio (1/3) do valor pretendido.
Considerando que as pessoas geralmente são mais sensíveis ás perdas do que aos ganhos, pode-se adotar algum tipo de penalização na entrega do “prémio” que referimos acima. Como não se pode alterar o valor da semanada (deve ser fixa e entregue na mesma data), pode-se então atrelar o “prémio” a regras de obediência e tarefas da casa. Caso a criança não cumprir determinados acordos assumidos (Ex: deixar a TV ligada, etc) implica descontos no prémio. É bom lembrar que o prémio deve ser previamente depositada no cofre da criança para que tenha sensação da “perda” e entender que o dinheiro só é recebido a partir de uma rotina de compromissos.

Tudo tem o seu tempo determinado. Há um tempo para todo o propósito debaixo do céu!” Eclesiastes

terça-feira, 7 de julho de 2020

Oito dicas para educar com a semanada (4/8)


Antonio Baptista
Semanada/mesada é um montante de dinheiro que as crianças recebem por semana/mês para satisfazer DESEJOS. É a ferramenta mais importante para ensinar as crianças a manusearem o dinheiro e desenvolverem a inteligência financeira que, sem dúvida, será uma competência imprescindível para o sucesso na vida adulta.
Implementar a semanada não é um processo facil. Pior do que não dar semanada é dar de forma incorreta pois, a semanada deve ser um instrumento para a construção de valores, crenças, habitos e comportamentos saudáveis em relação ao dinheiro, para que possam desenvolver um modelo/mentalidade adequada sobre o dinheiro.
Todo hábito saudável, para ser sustentável deve ser acompanhado de alguma forma de gratificação. Com a semanada a criança sente o gosto de poder decidir, satisfazer desejos, participar e colaborar efectivamente no alcance das metas financeiras da familia. Essa sensação pode desenvolver o sentimento de autoestima e gratificação, que será de grande valia na vida.
Dica 4 - AutoestimaA criança é que deve decidir quando e quanto gastar. Evite interferências de outros familiares. Não dê prémios monetários pelas boas notas ou trabalhos em casa, porque estudar e ajudar em casa são obrigações sociais/familiares. Entretanto, sempre que possivel, pode-se remunerar a criança por algum trabalho extra que possa realizar como forma de associarem, desde cedo, a remuneração com o trabalho. Pois só o trabalho pode gerar valor e é realmente gratificante poder realizar sonhos pelo nosso próprio esforço e mérito.
Inclua seus filhos nas pequenas decisões financeiras. Envolva-os na elaboração da lista do supermercado e na arrumação dos produtos quando chegar em casa. Se possível atribua uma responsabilidade para eles (quando tiver idade para tal) para a compra de determinados itens para a casa, em que terão que pesquisar preços e maximizar resultados com base em determinado orçamento que ele terá para gerir.
Muitos problemas financeiros derivam de problemas associados á baixa autoestima e busca pela gratificação imediata através da compra compulsiva. Portanto, utilizar a semanada como forma de aumentar a autoestima da criança será uma estratégia prudente e recomendável.