Antonio Baptista
É triste perceber que grande maioria dos empreendedores não
conseguem se prosperar nos negócios mas, mais triste ainda é a possibilidade de
que o fracasso se deve á autosabotagem e que a morte de empresas em Cabo Verde
acontece frequentemente por “suicídio”. Situação que pode ser evitada através
da educação financeira corporativa que lhes ajuda a tomar “melhores” decisões
com o dinheiro.
Embora se reconheça a importância da promoção do
empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo Verde, as estratégias tem-se
centrado nos aspectos formais relacionados com abertura de empresas,
capacitação técnica, plano de negócios, crédito etc, negligenciando questões
mais importantes que se relacionam com os aspectos informais, tais como a
cultura, valores, traços da personalidade dos empreendedores, racionalidade
económica-financeira, responsabilidade fiscal e social dos empresários que
condicionam o sucesso de qualquer empreendimento e limita de forma
significativa o desenvolvimento económico do país.
Na quinta feira dia 20, a PROFIN foi convidada para ministrar
uma palestra para mulheres vendedeiras em Ponta Belém na cidade da Praia, no âmbito
da formação Get Ahead - "Um Passo Em Frente: Mulheres e
Empreendedorismo" ministrada pela professora Silvia Spencer da UNICV/ENG, através
de uma parceria entre o Centro de Emprego e Formação Profissional de Praia
(CEFPP), Camara Municipal da Praia e o Programa Jov@emprego.
Nesta ocasião tivemos oportunidade para abordar vários aspectos
da educação financeira corporativa mas hoje vamos destacar apenas dois dos
temas (prometendo brevemente abordar os demais tópicos).
Os problemas na gestão do fluxo de caixa e o descontrolo
financeiro são os principais determinantes do fechamento de empresas. Os
problemas financeiros além de serem críticos por si mesmos, condicionam
praticamente todo o funcionamento da empresa.
No caso especifico das empresas familiares, empresas informais,
microempresas e até algumas pequenas empresas geridas pelo dono, a falta de
definição do pro-labore e misturar
contas pessoais com as do negócio são, sem dúvida, as principais causas de
falência.
O pro-labore significa
“pelo trabalho” em latim. É a remuneração (salario) do dono da empresa.
Também, confundir o “caixa da empresa” com o “bolso do dono” é
um pecado mortal. Além de não permitir pleno conhecimento da situação
financeira da empresa, trás sérias limitações na gestão do fluxo de caixa e na
avaliação dos negócios. As retiradas de dinheiro feitas pelo dono não podem ser
aleatórias, sob pena de trazer grande descontrolo na gestão financeira da
empresa tanto no longo prazo como no curto prazo, com dificuldades em relação
ao fundo de maneio.
Na nossa opinião o conselho mais relevante para estas
microempreendedoras é a de separar as contas pessoais das contas do negocios e
de estabelecer um “salario” para elas.