Por Simão Mairins, site www.administradores.com
Colocar as contas no papel até que é uma atividade comum entre as famílias brasileiras. Mas nem todas seguem à risca o que está escrito. Água, luz, telefone, internet, aluguel, escola das crianças, alimentação, passeio no fim de semana, conserto do carro e pronto, o dinheiro foi embora. Para o que falta, cheque especial. Não tem? Cartão de crédito. E assim começa o calvário de 54% das famílias brasileiras: o endividamento que parece não ter fim.
Com a melhora na economia do país, ficou mais fácil comprar com prazos a perder de vista. Mas a facilidade pode, logo, logo, se tornar um tormento. Por trás do parcelamento em dezenas de meses se escondem os juros e, pior, o comprometimento das receitas com despesas adicionais por um período extenso, o que, na ausência de planejamento, pode agravar a situação.
Uma dica importante para evitar o efeito bola de neve nas contas, de acordo com a contadora Dora Ramos, é não ceder à tentação do crédito fácil, que, segundo ela, pode se tornar caro demais. De acordo com a contadora, é importante, antes de parcelar uma compra ou adquirir um empréstimo, avaliar a real necessidade de fazer isso. "Acredito que o mais importante é manter a possibilidade de obter o crédito quando ele realmente for necessário, num momento de real necessidade. Uma atitude precipitada no passado pode prejudicar a obtenção do crédito quando ele realmente for necessário", afirma Ramos.
Na hora da crise
Estar preparado para situações adversas também é fundamental. Mesmo quem mantém as contas no azul está, diariamente, sob o risco de entrar em crise. O motivo? Imprevistos. Ter receitas para cobrir as despesas não é o suficiente. Coisas como problemas de saúde ou reparos urgentes na casa ou no carro podem desequilibrar orçamentos que vivem no limite. Por isso, a recomendação é ter reservas. E reservas com fins bem planejados.
"Sem dúvida, a poupança é uma saída. Mas, para que seja uma saída eficiente, é preciso pensar, prever quais seriam as despesas imprevistas", afirma Dora Ramos. Segundo a contadora, "uma poupança aleatória pode não ser suficiente, uma poupança consciente e segura só será possível através de planejamento, até para que se possa decidir qual o tipo de poupança deve ser feita".
Família unida
Em se tratando da família, a concentração da responsabilidade no pai ou na mãe, certamente, vai ser um problema em um momento de crise. "Se os familiares não sabem a situação financeira e porque estão guardando dinheiro, eles vão querer comprar tudo que têm vontade", afirma Reinaldo Domingos, autor do livro Terapia Financeira. De acordo com ele, "a tomada de decisão em conjunto fará com que as privações sejam aceitas e que os objetivos sejam os de todos, e não apenas de uma pessoa".
Para Dora Ramos, "uma família que consegue fazer planejamento financeiro, atua de forma mais consciente" e todos os membros da família aprendem a importância de ter as contas organizadas. "É praticamente impossível um planejamento financeiro familiar que não envolva ou afete todos os membros da família. Enfim, pode ser o princípio de atitudes mais conscientes como cidadãos", afirma a contadora.
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