segunda-feira, 18 de abril de 2011

Educação financeira e propaganda

A propaganda te incentiva a comprar o que você não precisa, com um dinheiro que não é seu, realizar sonhos que você não tem, para impressionar
pessoas que você não conhece.” Reinaldo Domingos

A influência das técnicas de vendas modernas, marketing, propaganda e facilidades de crédito, pode levar a decisões pouco racionais ou ineficientes na afectação de recursos das famílias e gera ineficiências no mercado. Frequentemente, os consumidores ditos “livres” e soberanos mas, “ignorantes” em termos financeiro (devido á racionalidade limitada e informação incompleta sobre as suas opções), são levados a optar por alternativas de investimentos que não são viáveis financeiramente e acabam por ficar presos a um nível de endividamento insustentável. Essa situação diminui a procura das famílias, diminui o facturamento das empresas, gera expectativas pessimistas quanto ao futuro da economia e reduz os investimentos em bens de capital e, por conseguinte, limita o crescimento económico e geração de empregos.

Muitas pessoas, motivadas por objectivos “não-económicos” tais como a vaidade e a ostentação, acabam por fazer escolhas pobres na selecção dos investimentos, dificultando o alcance de um melhor desempenho da economia. Esse comportamento, quando generalizado na economia, trás problemas sérios tanto para os indivíduos como para as empresas e restringe consideravelmente o desenvolvimento económico do País.

A pouca inteligência financeira e a limitada racionalidade tem padronizado o investimento das famílias á imitação das opções dos vizinhos, sem fazer previamente uma análise financeira e sem levar em consideração as implicações de longo prazo da decisão. A maioria das pessoas acompanha a multidão, fazem apenas o que todo mundo faz ou que a mídia divulga e incentiva através das modernas estratégias de marketing. Sem questionar, com medo do ridículo por contrariar as normas sociais e culturais.

É notório também o equívoco cometido no investimento das famílias, ao confundir passivo com activo, isto é, fala-se frequentemente em fazer “investimento” na casa própria ou num automóvel, sendo que na contabilidade patrimonial esses bens são considerados muitas vezes como passivos e nos deixam mais pobres porque aumentam as nossas despesas mensais (com prestações nos bancos, impostos, combustíveis, manutenção, reparação etc) sem uma correspondente contrapartida em receitas. Portanto, melhorar a literacia financeira da população é uma estratégia eficiente de combate à pobreza e promoção do crescimento económico.

A educação financeira encontra-se associada á habilidade individual para tomar decisões apropriadas na gestão financeira e criar uma mentalidade adequada e saudável em relação ao dinheiro.

Este tema sempre foi uma preocupação de vários países (Austrália, França, Canada, Irlanda, Holanda, Malásia, Singapura, Reino Unido, EUA etc) que já incluíram o tema educação financeira nas escolas e actualmente num cenário de crise financeira e necessidade de regulação do mercado financeiro, a discussão sobre educação financeira se reveste de extrema urgência sendo inclusive condição imprescindível para vencer o grande desafio que ameaça diversos países com níveis elevados de endividamento de famílias, empresas e governo. 

É neste sentido e acreditando na necessidade de maior regulação do mercado financeiro que o Presidente dos Estados Unidos, aprovou a criação da “Consumer Financial Protection Agency – CFPA” que vai garantir maior transparência, simplicidade, acessibilidade e evitar abusos e discriminação no mercado financeiro dos EUA.
Iniciativas como este são imprescindíveis para criar um ambiente de negócios propício ao desenvolvimento da economia.

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