“Da mesma forma que as habilidades académicas são importantes, as habilidades financeiras e de comunicação também o são.”
Robert Kiyosaki & Sharon Lechter
A mal educação financeira dos agentes económicos tem sido um entrave significativo no processo de desenvolvimento de vários países e frequentemente pode ser observado pela predominância dos aspectos emocionais na escolha entre as alternativas de investimentos; concentração dos investimentos das famílias em bens de consumo duráveis tais como imóveis e automóveis, geralmente financiados com recursos de terceiros e cuja procura possui um limitado efeito multiplicador na economia nacional (pelo facto de serem geralmente bens importados) e impactando significativamente de forma negativa na balança comercial; o aumento da procura de bens de consumo de luxo pode aumentar o endividamento das famílias, que tem sofrido ainda com diminuição no rendimento disponível, devido á inflação nos bens alimentares, baixo reajuste nos salários e, pagamento de taxas para manutenção dos “investimentos” do governo; perda considerável das virtudes de uma economia capitalista pelo baixo índice de reinvestimento nas empresas (bens de capital) podendo ter consequências em termos de diminuição no número de empresas, perda de emprego e redução nas taxas de crescimento económico.
Os desafios que se apresentam para grande parte dos países ainda subdesenvolvidos não serão alcançados sem investir na educação financeira que melhora a inteligência e racionalidade dos agentes económicos.
Tendo o governo optado por uma economia de mercado, sujeita ás leis “naturais” da economia, controlada pela imparcial “mão invisível” e liberdade económica, deve adoptar a educação financeira como um dos objectivos de governação pois, sem uma população consciente das suas atitudes perante o dinheiro dificilmente poderemos ter uma economia capitalista saudável isto é, a essência de uma economia capitalista esta no processo de acumulação de capital, e uma população sem educação financeira “investe” em bens de consumo em vez de investir em bens de capital levando a um crescimento económico sem a correspondente redução no desemprego.
Nota-se que a tarefa não será fácil e não existe nenhum Hocus pocus que possa melhorar a inteligência financeira da população. O mercado ou melhor, as livres forças do mercado não propiciam a melhor solução e em tempo útil para o país (que se pretende ser praça financeira), devendo essa tarefa ser liderada pelo estado, de forma parecida com o que se tem verificado no mundo desenvolvido através de um programa nacional de educação financeira.
Esse tema sempre foi uma preocupação de vários países (Austrália, França, Canada, Irlanda, Holanda, Malásia, Singapura, Reino Unido, EUA etc) que já incluíram o tema educação financeira nas escolas e actualmente num cenário de crise financeira a discussão sobre educação financeira se reveste de extrema urgência sendo inclusive condição imprescindível para vencer o grande desafio que se avizinha e ameaça diversos países com níveis elevados de endividamento de famílias, empresas e governo.
Uma referência que merece ser consultada quando o assunto é a educação financeira é o livro Pai Rico, Pai Pobre de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter. Livro de leitura obrigatória para todos aqueles que querem aumentar a sua inteligência financeira e melhorar a qualidade de vida de forma sustentável. Esses autores defendem que o dinheiro deve trabalhar para você e não o contrario em que você trabalha pelo dinheiro. Essa situação só é possível se as decisões de investimento fossem feitas de forma racional em vez de serem determinadas por factores emocionais tais como a vaidade, ostentação e impulso. Entretanto, numa situação de ignorância financeira e pouca racionalidade económica dos indivíduos a tarefa de aumentar a inteligência financeira cabe ao estado, através de “incentivos” na economia, formação e capacitação da população para fazerem melhores escolhas.
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