A clássica teoria económica acredita na capacidade de autoregulação e perfeição do sistema de mercado e no princípio da racionalidade dos agentes económicos. Não precisamos fazer muito esforço para demonstrar que pelo menos em Cabo Verde, muitas pessoas apresentam limitada racionalidade.
A limitada racionalidade dos agentes económicos é determinada principalmente pela informação incompleta, assimetria de informação, inexistência de mecanismos de regulação e estruturas eficientes de “incentivos” na sociedade. As deficiências na racionalidade se verificam principalmente nas nossas relações com o dinheiro. Ainda somos imaturos, incapazes de dar tempo para que as coisas acontecem e é frequente encontrar jovens em situação de inadimplência ou sobre-endividamento.
A influência das técnicas de vendas modernas, marketing, facilidades de crédito, tem levado muitas famílias a tomarem decisões pouco racionais ou ineficientes na afectação de recursos, gerando externalidades negativas e ineficiências no mercado. Frequentemente, os consumidores embora “livres” e soberanos, mas ignorantes, em termos financeiro devido á racionalidade limitada e informação incompleta, são levados a um nível de endividamento insustentável, favorecendo o surgimento do “FOBADU”.
A concentração do gasto das famílias em bens de consumo em detrimento dos bens de capital tem condicionado todo o desenvolvimento da nossa economia. Hoje somos uma economia que cresce porém, não gera emprego. Essa situação se explica pelo facto de que os bens de consumo (casas e automóveis) não geram emprego estável.
Muitas vezes o nosso hábito de consumo é determinado por objectivos não-económicos tais como a vaidade, a ostentação, o consumismo, “basofaria” etc e acabam por nos levar a fazer escolhas pobres na selecção dos investimentos, dificultando o alcance de um melhor desempenho da economia.
O homo economicus, dotado de racionalidade económica, procura acumular capital. Essa é a sua essência - como defendido por Adam Smith - e nesta base ele contribui para o progresso da sociedade capitalista. Entretanto, na nossa sociedade poucos indivíduos demonstram ser homo economicus, limitando o desempenho da nação como todo ao concentrarem os investimentos em bens de consumo (muitas vezes de luxo e importado) em vez de promoverem a acumulação de capital que origina emprego e crescimento económico.
È frequente encontrarmos indivíduos/famílias que tem dificuldade em gerir um orçamento até o final do mês. Essa situação tende a se generalizar na sociedade e actualmente é cada vez maior o número de famílias incapazes de controlar o orçamento familiar, endividados e com pouca esperança de sair desse sufoco. Para corroborar essa teoria pode-se analisar as últimas modas de expressões entre a população e as inovações tecnológicas adaptadas à nossa situação (ex: Txomam, Mandam saldu!, Dja pôdu?, Kau mau!, mariádu!, orientam! Etc).
Sem dúvida, estamos perante um retrocesso da evolução com o surgimento do Homo fobadus e com tendência para um downgrade para a versão, Homo fobadus fobadus.
Neste contexto, a participação e liderança do estado é fundamental, principalmente no estabelecimento de instituições (regras e normas de conduta) e educação financeira que possam moldar o comportamento racional dos indivíduos antes guiados pela vaidade, ostentação e o consumismo. Somente desta forma poderemos garantir maior eficiência da economia.
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