quarta-feira, 6 de maio de 2020

Educação financeira e globalização


Muitos consumidores não possuem maturidade emocional suficiente para resistir ao apelo do consumo de luxo e supérfluo, tornando-se presas fáceis para as empresas de marketing e do padrão de consumo da sociedade globalizada.

Algumas das consequência do processo da Globalização são, a mudança nos hábitos de consumo, a mundialização do padrão de consumo e a homogeneização da “referência de escolha” de produtos pelos consumidores. Diversos países, embora sendo pobres, apresentam um padrão de consumo semelhante aos países já desenvolvidos isto é, usufruem dos mesmos bens de consumo da classe média de países ricos, ostentando os mesmos carros, computadores, roupas, eletrodomésticos, casas, alimentação etc, sem terem a noção da enorme diferença em termos do esforço relativo que tem de fazer para obter esses bens, em comparação com os países ricos (ex: um carro nos EUA pode custar 1 salario-mínimo mas em cabo Verde este mesmo caro custa 30 salarios-mínimo isto é, para termos um mesmo bem o nosso esforço é 30 vezes maior).

O padrão de consumo é divulgado pela mídia e torna-se referência para a maior parte da população. Uma vez adotado o hábito de consumo, torna-se difícil de abrir mão dele.

A educação financeira permite ter capacidade de resistir ao consumo supérfluo imediato e, está condicionada á estrutura de incentivos que a sociedade apresenta. Infelizmente, muitas decisões de gasto são determinadas por fatores emocionais tais como a vaidade, a ostentação, o desejo e o impulso. Neste contexto é imprescindível a criação de incentivos económicos, sociais, morais etc que possam orientar a população no processo de decisão.

O contacto mais frequente com a propaganda, facilitada pela globalização, tem moldado o padrão de consumo e criado hábitos de compra nitidamente insustentáveis porém, altamente aliciante e viciante. O comportamento de compra desenfreada de bens de consumo de luxo é fortemente incentivado pelo padrão moral/cultural da nossa sociedade que, nitidamente, valoriza o “ter” e o “parecer” em detrimento do “ser”. Levando as famílias a sobre-endividamentos com compras de bens de consumo duráveis (ex: casas e carros) o que, por sua vez, limita o desenvolvimento do País.

Esta situação, na ausência de mecanismos económicos de regulação tende a criar um círculo vicioso em que se satisfaz o ego e a vaidade porém, compromete o desenvolvimento da sociedade.

1 comentário:

  1. Muito bem dito. É preciso que nós mudemos o nosso mau comportamento como consumidores.

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