sexta-feira, 8 de maio de 2020

Educação financeira e regulação económica



“O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”
Bíblia Sagrada (Timóteo 6:10)

Toda a moderna teoria económica está assente na capacidade de auto-regulação, perfeição do sistema de mercado e no princípio da racionalidade dos agentes económicos. Não precisamos fazer muito esforço para deixar evidente o facto de que existem falhas no sistema de mercado e muitas pessoas apresentam limitada racionalidade. O aspecto preocupante é que essa situação é mais regra do que excepção.

Todos os indivíduos são susceptíveis a influências do ambiente que nos rodeia (efeitos do contexto), a emoções irrelevantes, à imprevidência e a outras formas de irracionalidade que condicionam a sua capacidade de tomar decisões correctas em termos da utilização dos escassos recursos.

A existência de falhas de mercado relacionadas com a racionalidade limitada dos agentes económicos, informação incompleta, externalidades, assimetria de informação entre outras, tem justificado a necessidade de regulação económica como forma de alcançar maior eficiência nos mercados.


A racionalidade limitada, a informação imperfeita, influência das técnicas de vendas modernas, marketing e facilidades de crédito pode levar a decisões pouco racionais ou ineficientes na afectação de recursos, gerando externalidades negativas e ineficiências no mercado. Frequentemente, os consumidores ditos “livres” e soberanos mas, ignorantes em termos financeiro - devido á racionalidade limitada e informação incompleta - são levados a um nível de endividamento insustentável. Esta situação requer maior regulação no mercado de crédito no sentido de proteger a economia e permitir maior eficiência na utilização dos recursos e evitar a situação de imparidades/inadimplência que cada ano tem aumentado no País.

A pouca inteligência financeira e a limitada racionalidade tem padronizado o investimento das famílias á imitação das opções dos vizinhos, sem uma análise financeira intertemporal prévia. Essa situação é nitidamente uma situação característica da “falha de mercado”, no sentido de que as opções individuais estão de certa forma condicionadas pela escolha dos vizinhos. É uma espécie de externalidade que pode ser negativa, caso a escolha de investimento - ao seguir a maioria - lhe deixar mais pobre.

Infelizmente, muitas pessoas fazem escolhas pobres na selecção dos investimentos, dificultando o alcance de um melhor desempenho da economia. Esta situação não é desejável porque se trata nitidamente de uma situação sub-ótima e requer mecanismos e incentivos para levar a economia a uma situação de melhor ambiente de negócios no mercado.

A crise financeira de 2008 alertou para a necessidade de maior regulação nos mercados financeiros e da disponibilidade de maiores informações para dar suporte às decisões dos agentes económicos.

A habilidade financeira, nos dias de hoje, é uma competência que precisa ser melhorada para que os cidadãos comuns tomem melhores decisões. Portanto, a educação financeira da população é um dos melhores instrumentos para a regulação económica ao mesmo tempo que a regulação do mercado de crédito ajuda na melhoria da educação financeira.


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